| P R O G R A M A S   
                D E    R
                A D I O A M A D O R
                
                 Por Luiz,
                PY1LL/PY4LC
                
                 Introdução
                 Existem
                muitos programas de comunicação via internet para uso dos
                radioamadores, como o Echolink, Interace, etc.
                
                 Apesar
                de sua utilização não poder ser considerada como uma
                atividade de radioamadorismo, pelo mesmos é uma operação de
                comunicação entre radioamadores. Aliás, esta é uma discussão
                sem fim (e inútil, na verdade!), pois a existência de tais
                programas não pode ser ignorada, pois ela é uma realidade,
                gostem alguns ou não.
                
                 Na
                minha particular opinião, seu uso não caracteriza
                ‘radioamadorismo’, mas sua utilidade não pode ser
                desprezada, visto que permite a comunicação a qualquer distância
                mesmo em períodos de má propagação e, se o que se deseja no
                momento é se comunicar, seu uso em nada fere a nossa atividade,
                pois não compete com ela. Se algum radioamador deseja, com
                certa urgência , trocar idéias técnicas, por exemplo, com
                outro colega de distância razoável e está sem 
                rádio ou antena, pode perfeitamente utilizar o MSN,
                Yahoo Messenger, Skype, etc (nenhuma crítica aparece nesses
                casos!), então porque não pode fazê-lo utilizando programas
                específicos para radioamadores (ou pelo menos que possuam
                ‘sala’ para radiomadores)?
                
                 Mas
                a finalidade do presente artigo não é a discussão sobre a
                validade ou utilidade desses programas, mas sobre como fazê-los
                funcionar, já que grande parte de nossa comunidade tem muita
                dificuldade nisso ou por desconhecimento ou por real
                impossibilidade prática e acaba desistindo de usá-los.
                
                  
                
                 O Problema
                 Um
                computador numa rede tem um ‘endereço’ que contém o seu número
                IP, constituido por 4 grupos de números, cada um podendo variar
                de 0 a 255 (Ex: 192.168.0.224) separados por pontos. Não há,
                na mesma rede, dois computadores com o mesmo endereço, ou
                aconteceriam conflitos de comunicação. Uma dessas redes é a
                própria internet.
                
                 Mas,
                fazendo parte desse ‘endereço’, existem ‘portas’ que,
                em resumo, podem ajudar a diferençar computadores da mesma rede
                e que contenham o mesmo IP.
                
                 Normalmente
                os servidores dos programas (por exemplo, MSN, Echolink, etc),
                para sua correta operação, necessitam que essas portas estejam
                abertas. Servidores como o MSN têm suas portas já abertas (por
                default), não necessitando de nenhuma providência nesse
                sentido por parte dos usuários. Outros programas, como o
                Echolink, Interace, CQPhone, etc têm suas portas bloqueadas por
                default e têm de ser abertas para que o programa funcione de
                maneira plena. As portas que estão fechadas ou bloqueadas, o
                estão porque ou num software ou num hardware existe tal
                bloqueio, o chamado ‘firewall’.
                
                 O
                sistema operacional Windows XP, por exemplo, possui um firewall
                próprio que, por default, bloqueia todas as portas que
                normalmente não são abertas. Alguns programas externos ao
                sistema operacional, como o ZoneAlarm, possuem entre outros
                detalhes seu próprio firewall. Cada um tem seu método próprio
                de configuração. São exemplos de bloqueio por software.
                
                 No
                caso dos roteadores utilizados em sistemas de conexão à
                internet de mais alta velocidade (Ex: Velox, Speedy, etc), estes
                possuem bloqueio interno daquelas portas. O firewall é um
                processo de proteção dos computadores contra invasões e não
                deve ser simplesmente desligado para se evitar o problema das
                portas; pelo menos um firewall deve ser mantido em operação.
                
                 Simples
                modem’s (não roteadores) normalmente não possuem firewall
                interno (como no caso do sistema de internet via cabo de TV, o Vírtua,
                por exemplo) e não necessitam de nenhuma ação especial.
                
                 Dessa
                forma, se o programa utiliza servidor que necessita de portas
                especiais abertas e existe algum firewall, o usuário tem de
                providenciar sua abertura ou o programa não rodará, pelo menos
                em toda a sua potencialidade. Por exemplo, você se conecta ao
                servidor, pode ver a lista de colegas conectados, mas não
                consegue se comunicar com eles, ou consegue receber informações,
                mas não enviá-las (por exemplo, no Interace se recebe imagens,
                mas não se consegue enviar nenhuma).
                
                  
                
                 A Solução
                
                 É
                evidente que, para se resolver o problema de correto
                funcionamento de determinado programa, tem que se abrir suas
                correspondentes portas. Mas isto não é, muitas vezes, uma
                simples tarefa, especialmente quando envolve os roteadores.
                
                 A
                parte de software é bastante simples para ser resolvida. No
                caso do Windows XP, ao se tentar se atingir um servidor via
                determinada porta, ele avisa ao usuário que tal programa está
                tentando a conexão e pergunta se o usuário deseja autorizá-la.
                Ao responder que sim, o próprio Windows XP se encarrega de
                abrir as portas necessárias ao programa. Além disso, é possível
                se abrir manualmente as portas ainda fechadas por meio das
                ‘Exceptions’ do firewall, o que é uma operação muito
                simples e pode-se usar o ‘help’ do Windows XP para isso. No
                caso de programas específicos de proteção (como o ZoneAlarm),
                cada caso é um caso, ou seja, vai depender do programa em si.
                Mais adiante volto ao assunto.
                
                 A
                parte de hardware envolvendo os roteadores pode ser um pouco
                mais complicada operacionalmente, mas não é aquele ‘bicho de
                sete cabeças’ que muitas vezes aparenta ser.
                
                 Uma
                rede de computadores possui um sistema chamado DHCP que
                distribui aos usuários os IP’s disponíveis. Na internet, por
                exemplo, como não há IP’s suficientes para todos os
                computadores do mundo (a chamada internet 2 tem como um de seus
                melhoramentos, o aumento do comprimento do número IP, ou seja,
                vão ser mais de quatro grupos de números, podendo garantir que
                todo computador do mundo possa ter seu IP fixo) e, por isso, a
                maioria dos usuários recebe um IP que esteja disponível na
                lista do provedor no momento que o usuário o acessa. Assim,
                nesse momento um usuário tem um IP; desconecta-se de algum modo
                da internet e reconecta-se um tempo depois; recebe, muito
                provavelemente um outro IP, pois o primeiro pode ter sido
                distribuído para outro usuário que se conectou antes dessa
                reconexão.
                
                 Esse
                IP é chamado de IP da WAN (nome da rede externa). O roteador do
                usuário, se existir, define outra rede, a LAN (rede interna) e
                possue um DHCP também, isto é, da lista de IP’s internos que
                podem ser atribuídos aos computadores eventualmente conectados
                a esta rede interna. A conversão do IP interno para o externo
                (para ser possível o computador entrar na internet, que tem o
                IP externo) é efetuada pelo sistema NAT do próprio roteador e
                é transparente ao usuário. Uma porta numa rede é aberta para
                determinado IP e para determinado protocolo, que pode ser UDP
                e/ou TCP. Esta opção de protocolo é estabelecida no software
                do roteador.
                
                 Assim,
                o IP que o computador possui dentro da rede interna, é
                fornecido pelo DHCP do roteador e também pode mudar ao se
                desligar o mesmo. É necessário, portanto, que se fixe o IP do
                computador para que seja sempre o mesmo, independente do DHCP,
                pois, ao se desligar o computador, o IP para o qual a porta foi
                aberta pode mudar e a porta se fechar. O IP externo não é
                importante porque o NAT se encarrega dele.
                
                 Para
                isso, no painel de controle, na seção ‘Conexões de Rede’
                (Network Connections), o usuário clica na sua conexão internet
                e, na lista mostrada, vai em ‘Protocolo Internet’ (Internet
                Protocol) e em Propriedades (Properties). Se estiver marcado
                ‘Obter Um Endereço IP Automaticamente’ (Obtain an IP
                Address Automatically), significa que o DHCP vai automaticamente
                atribuir ao computador um IP, o que se quer evitar. Assim, deve
                ser marcada a opção ‘Use o Seguinte Endereço IP’ (Use the
                Following IP Address), onde serão escritos os valores
                correspondentes nas diversas linhas em branco. Esses valores serão
                obtidos das informaçoes contidas no software do roteador. Esta
                é a chamada opção de IP estático. Obviamente, o que é
                mostrado pode depender do sistema operacional utilizado (aqui o
                exemplo corresponde ao Windows XP).
                
                 Mas
                como conseguir entrar no software do roteador, isto é, como
                configurá-lo?
                
                 O
                manual do usuário do roteador, que deve ser fornecido pelo
                provedor internet, normalmente contém as informações necessárias
                para que o usuário consiga entrar no software do mesmo. Isto é
                efetuado através de seu ‘browser’, Internet explorer,
                Netscape, Firefox, etc e por meio de um ‘endereço IP’
                especial chamado de ‘default gateway’ que está no referido
                manual (este é também um dos 3 campos a ser preenchido na seção
                de rede do Windows). Dessa forma, o usuário simplesmente tecla
                esse IP especial na linha de endereços do browser (a linha onde
                se costuma pôr o nome ou endereço do site em que se quer
                entrar) seguido de ‘Enter’. O browser vai entrar no roteador
                e apresentar uma janela pedindo o nome de usuário e senha (também
                fornecidos no manual do roteador; é comum que ambos os campos
                tenham de ser preenchidos com a palavra ‘admin’, sem as
                aspas, em minúsculas ou maiúsculas, dependendo de cada caso,
                mas nem sempre é assim). O usuário sem o manual tem de
                conseguir junto ao provedor as informações necessárias ao
                acesso interno do roteador.
                
                 Aqui,
                a primeira dificuldade é que cada marca e modelo de roteador
                tem seu próprio método de entrada e de configuração. Mas não
                fique assustado porque a solução em 99% dos casos pode ser
                resolvida na própria internet.
                
                 Indivíduos
                muito competentes e eficientes criaram um site, o www.portforward.com,
                onde praticamente todos as marcas e modelos de roteadores do
                mercado são apresentados e analisados para cada programa (não
                somente para os de radioamador). Ponha esse endereço no seu
                browser e entre na página. Esta tem um excelente e completo
                tutorial sobre tudo que é necessário saber sobre IP, DHCP, NAT,
                portas, etc além de uma ‘receita de bolo’ completa para
                cada caso, isto é, para cada marca/modelo de roteador e
                programa a ser configurado. O problema aqui pode ser a língua
                que é o inglês, mas por enquanto essa é uma barreira que tem
                de ser transposta de qualquer maneira, pois o texto em português
                ainda não foi escrito (quem sabe alguém se propõe a fazê-lo!).
                O usuário pode usar os diversos links e âncoras da página
                para aprender o que desejar, mas pode simplesmente clicar em
                ‘Common Ports’ para obter uma lista de programas para os
                quais o sistema possui tal receita de bolo.
                
                 É
                mostrada a lista em ordem alfabética onde pode ser procurado o
                nome do programa (Echolink, Interace, etc, para a qual eu fiz
                algumas contribuições).  Ao
                clicar no nome do programa, outra lista é mostrada, aqui com as
                marcas e modelos dos diversos roteadores do mercado. Ao se
                clicar num modelo de roteador, aparecerá a receita de bolo
                completa a ser seguida para o caso específico.
                
                 Aqui
                deve-se lembrar que o IP estático escolhido para o seu
                computador deve estar entre os presentes na lista do DHCP de seu
                roteador, isto é, dentre os disponíveis, além das outras
                informações que o usuário necessita colocar na sua configuração
                de rede em seu Windows. Mas não se preocupe, pois na página
                www.portforward.com, logo na primeira linha do texto sobre seu
                roteador específico escolhido, há um link chamado ‘Static IP
                Address’ que deve ser clicado e o sistema operacional da lista
                então escolhido. Nesse ponto aparece a receita de bolo específica
                para a escolha do IP, da Sub-Máscara, do Default Gateway e dos
                servidores DNS, que serão postos na configuração de rede do
                Windows, conforme dito anteriormente no presente artigo.
                
                 Anote
                os valores obtidos e volte para a página de seu roteador no
                tutorial e siga cuidadosamente as etapas seguintes. Normalmente
                assim o fazendo, nenhum problema será encontrado na configuração
                de seu roteador para o programa desejado. O usuário terá de
                repetir a operação para todos os programas para os quais
                desejar abrir as porta, mas não necessitará de reentrar na página
                do IP estático, pois este será o mesmo para todos os programas
                desejados.
                
                 Aqui
                cabem umas observações: é necessário salvar as configurações
                do roteador (vai ser mostrado botão específico para isso no
                software do mesmo) antes de usá-lo, pois sem isso, qualquer
                alteração é simplesmente perdida. Outra coisa importante: não
                alterar nunca nenhum parâmetro do roteador que não esteja
                especificamente referido no texto de configuração; a alteração
                de parâmetro errado pode até fazer com que seu roteador não
                seja mais acessível e não funcione mais, impedindo o acesso do
                computador à internet e necessitando um ‘reset’ especial
                que somente poderá ser efetuado pelo técnico de seu provedor.
                Portanto, muito cuidado ao seguir a ‘receita de bolo’
                oferecida antes de salvar as modificações. Assim procedendo, não
                há perigo algum de se configurar o roteador, mesmo por pessoa
                inexperiente, pois o tutorial é perfeito.
                
                 As
                páginas da internet sobre cada programa (por exemplo, www.echolink.org)
                possuem tutorial sobre a abertura das portas no Windows e em
                alguns programas de firewall como o ZoneAlarm. Assim, a parte
                referente a bloqueio de portas por software pode ser resolvida
                de forma bastante simples.
                
                  
                
                 Algumas
                Dificuldades Extras
                 Muitos
                casos, infelizmente, não podem ser resolvidos com o que foi
                descrito anteriormente. São casos mais comuns do que se pensa,
                em que o bloqueio de portas não está sendo efetuado no
                roteador nem em programa do usuário e casos em que não há
                firewall (como em simples modem’s) em que os programas não
                funcionam não são raros (no mundo todo, não só no Brasil).
                
                 Exemplos
                dessas situações são as internet via rádio e via telefone
                celular (usado nos sitems EDGE e 3G como simples modem’s) em
                que, para economia de IP’s, a empresa provedora criar uma
                outra rede, entre a internet WAN e a rede LAN do usuário
                (interna de seu computador). Normalmente (especialmente nos
                casos de grandes empresas provedoras) é muito difícil que se
                consiga junto ao provedor qualquer alteração ‘fora do
                trivial deles’, como IP fixo nessa rede intermediária, e então
                as portas, normalmente fechadas, assim permanecem e se torna
                praticamente impossível se acessar alguns servidores de
                programas. As pequenas empresas muitas vezes aceitam fornecer um
                IP fixo, mas com a cobrança de um valor extra relativamente
                alto, pois um número IP irá ser reservado a apenas um usuário,
                esteja ele conectado ou não, o que diminui a flexibilidade da
                operação do provedor.
                
                 Alguns
                casos especiais, como é o do Echolink, seu uso pode ser
                conseguido pela utilização de um servidor PROXY, intermediário.
                A coisa funciona assim: um usuário tem uma ou mais portas
                fechadas e não consegue usar o Echolink; um servidor intermediário,
                cujo acesso não necessita de portas especiais é conectado pelo
                usuário; este servidor que possui as portas do Echolink livres,
                acessa o mesmo. Dessa forma, o usuário não necessita de ter as
                portas do Echolink abertas, pois não acessa seu servidor, mas
                apenas o PROXY (intermediário), deixando o problema para este
                último. Este processo normalmente atrasa o envio/recepção dos
                pacotes de dados e pode comprometer a qualidade da comunicação,
                mas muitas vezes é o único recurso disponível.
                
                 Os
                servidores PROXY são em grande parte criados por usuários do
                sistema que tentam ajudar os outros que têm dificuldades e
                normalmente só podem ser usados por um usuário de cada vez.
                Muitas vezes o usuário não consegue usar certo PROXY por estar
                este ocupado e tem de escolher outro que esteja livre, se
                existir algum no momento. O Echolink tem, em seu menu ‘System
                Setup’, a possibilidade de tal escolha.
                
                 Outros
                programas que não possuem nenhum servidor PROXY ficam com
                problemas de acesso.
                
                 Se
                o usuário não tem outra opção de conexão internet, a não
                ser essa com bloqueios incontornáveis de porta, realmente terão
                dificuldades, quando não total impossibilidade, de usar tais
                programas. 
                
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